Dinalva Heloiza
Se a política é postulante na construção de um espaço autônomo para a ação humana mobilizando elementos como liberdade e igualdade, o polo da cultura não é menos ambicioso projetando a possibilidade de emancipação por meio da arte e do conhecimento. As relações entre estes dois campos tem significados muito distintos, e quando eles se unem, é possível realizar feitos distintos e históricos.
E nesses tempos críticos, quando
esse protagonismo vem com a assinatura da mulher, sem dúvida o destaque é bem
mais significativo, especialmente quando se observa que o espaço político vem
sendo descaracterizado pelo desvio de função, e taxado pelos privilégios, e
interesses muitas vezes obscuros de alguns, é quando a presença da mulher se
torna um imperativo, pela urgência que requer as mudanças.
Há muito, com as lacunas de
exclusão, preconceitos, desmonte de direitos, as minorias anseiam por representação
política, e nesse aspecto é essencial, que atores diversos ocupem espaços na
política, especialmente quando se é mulher. Com esse pensamento, nós do Blog
Gyn Go Cities, decidimos convidar algumas protagonistas nessas eleições, para
conhecer um pouco mais de suas propostas e o que as levaram a encarar essas
eleições tão disputadas, em um momento crítico da política em todo o país.
E agora vamos conversar com a candidata
a vereadora, Regina Perri (PL) – 22.323, que representa a diversidade em sua
pauta. Ela é graduada em Letras, produtora cultural e pioneira da noite
goianiense. Natural da cidade de Bebedouro,
em São Paulo, vive em Goiânia há 27 anos, e é reconhecida no meio cultural por
sua grande contribuição ao setor, e por dar voz e espaços a comunidade LGBTQ+
em Goiânia.
Regina nos conta que, o que definiu sua participação nas eleições, se deu em razão de uma vontade de servir. O que ocorreu como um insight, durante esse período de confinamento e pandemia, “isso aconteceu em um momento de reclusão e reflexão”, afirma ela.
Em um desses momentos, segundo ela, se viu revirando arquivos e documentos do acervo da Jump – famosa casa de espetáculos em Goiânia dirigida por Regina Perri - assistindo documentários, noticiários, filmes, lendo alguns livros, artigos, etc. foi em algum instante que “bateu uma prosa com deus e com o universo dizendo lhes: eu sou capaz, saudável e, preciso servir as pessoas, ajudar... e estava disponível”. E neste eu, comigo mesma – ela continua, “apareceu em meu celular uma chamada para quem queria ingressar na política, nas próximas eleições, e daí fui sendo levada por um questionário, até dar na seleção de um grupo, um projeto de formação política chamado “Goianas na Urna”. Com Vinte e uma selecionadas. Ali senti o gosto pela coisa. Pensei!!!! Vou ser candidata. Me senti muito bem, viva, em poder servir. E a minha história de vida nesta Capital contribuiu para me impulsionar ainda mais. E aqui estamos”!
Gyn Go Cities - Em sua visão
política e sendo mulher, estando à frente do legislativo municipal, qual sua
posição em relação a necessidade de criar leis municipais e fiscalizar as que
já existem em atendimento à mulher no que se relaciona, ao grande número de
abusos, exclusão e violências contra a mulher, fatos recorrentes na cena de Goiânia?
Regina Perri - A Escuta, o
diálogo, o acordo, o respeito às diferenças, o equilíbrio, o centro.
Inicialmente, precisamos fazer uma
verdadeira triagem, números e índices. A escuta e o diálogo trarão a estratégia
do trabalho a ser realizado em prol. Campanhas educativas, criação de albergues
com assistência de saúde, nutricional, psíquica. É necessário haver um local
para atendimento à essas mulheres após a agressão e a violência. Delegacia da
Mulher não é albergue! Acredito ser esta questão, não só social mais também de
assistência. E devemos focar esse trabalho e esforço na prevenção da violência.
Gyn Go Cities - Recentemente a cidade foi palco de manifestações e polêmicas contra uma ação da Câmara Municipal de Goiânia, quando colocou em votação o PD de Goiânia, o que ocorreu sem o devido cumprimento da regra por audiências públicas, pelo Estatuto das Cidades. A votação foi adiada para pós eleições, e sem data definida. Qual sua posição diante desse contexto, como você vê o atual projeto e as polêmicas geradas?
Regina Perri - Achei
surpreendente e vergonhoso. Vejo o atual projeto carente de novos estudos, tanto
no aspecto técnico-profissional, quanto acadêmico, qualificado e apartidário
nestas discussões, e antes de mais nada, a necessidade de uma seleção dos
participantes bem como questionamento e sondagem de seus interesses.
Gyn Go Cities - Vivemos uma crise pandêmica, uma doença provocada em razão da ineficiência e inexistência das práticas e políticas sustentáveis, em qualidade de vida, meio ambiente, saúde, educação, saneamento, segurança alimentar, dentre outros! Nesse aspecto qual sua visão sobre esse cenário na cidade?
Regina Perri - Defendo as
políticas públicas atreladas às campanhas educativas. Acredito na importância
da sondagem de dados destas pastas. Uma análise real e sucinta do trabalho
realizado, para que possamos descobrir as falhas e saná-las. Tenho certeza que com
estas iniciativas, este cenário deplorável de abandono receberá novo fôlego
para o início de um trabalho que gere eficácia e sucesso.
Regina Perri – Creio que
primeiro é necessário estabelecer um planejamento mediante estudo, levando em
conta o meio ambiente, tendo sempre em vista as leis, regras e limitações para
um desenvolvimento econômico que não afete a sustentabilidade dos recursos
naturais, recursos, dos quais depende a própria humanidade. Os projetos deverão
sempre estar em consonância e equilíbrio com as atividades econômicas e o uso
dos recursos naturais. Entendendo que o desenvolvimento econômico, também
depende da diversidade biológica e existência humana. Qualidade em vez de
quantidade. Redução de matérias-primas e produtos. Ampliação de ações e
programas de reutilização e da reciclagem
Gyn Go Cities - Como você avalia
a gestão, o descarte do lixo e dos resíduos na capital e quais suas propostas?
Regina Perri – Essa é uma
preocupação constante e precisamos saber o que acontece em locais de
necessidade, e com as exigências que demandam, a exemplo dos hospitais, hoje se
deixa muito a desejar. Sistemas muito pobres, sem investimento que carecem, eficaz
e necessário. Apesar de haver o PMGIRS para fiscalizar estas ações, acredito
haver uma certa omissão ou inépcia. Minhas propostas são várias, já que é
necessário iniciar pelo lixo produzido em casa. Isso demandaria uma preparação
inicial de dentro da casa de cada um, separação de lixo e resíduo, aplicação do
processo de reciclagem e reutilização (cartilha explicativa para cada morador),
e é claro, as campanhas educativas, que trago como pauta na minha plataforma de
governo. Eu sempre vou falar da campanha educativa. Isso é de suma urgência no
país, e na cidade. Pois bem! Para esta proposta começando na casa de cada um, a
coleta correta até o descarte do cidadão, bem como do resíduo sólido, com
certeza, precisamos envolver a iniciativa privada. E uma seriedade e
preocupação maior da pasta fiscalizadora.
Gyn Go Cities - Quais
ações e leis você pretende apresentar em benefício à cidade, e que atenda a
educação de qualidade às crianças, nas escolas públicas municipais?
Regina Perri: Uma gestão
responsável em favorecer a inclusão e a valorização humana na educação, com providências
de criar um núcleo especializado na secretaria de educação do município, ou do
estado, com ações que assegure a qualidade educacional à toda e qualquer
criança, inclusive com deficiência. Esse núcleo terá contato direto com a
coordenação da escola, possuindo, para isto, um responsável que solucione e
desenvolva as perspectivas nesta área, juntamente com os professores de apoio e
ainda ofereça materiais de estudo direcionado para qualificar o aprendizado.
Gyn Go Cities - E
quais suas propostas para a cidade no contexto da mobilidade urbana?
Regina Perri: Com certeza,
plano diretor e mobilidade urbana estão atrelados. Volto a afirmar para a
necessidade de novos estudos, escuta da população, para as diretrizes deste
plano e assim diagnosticar a mobilidade. Nestes estudos, é claro, devem estar
incluídos, transporte público – é preciso saber de onde as pessoas vêm, e para
onde vão, com que frequência, onde frequentam, estudam, recebem assistência
médica, escolar, religiosa. Impor uma lei a respeito da especulação
imobiliária. Com diálogo e acordo! Debates e arquitetos qualificados
Gyn Go Cities - Diante os impactos atuais que provocam a poluição do lixo, a poluição sonora, visual e de gases, que afetam a harmonia e o clima na cidade, quais suas propostas?
Regina Perri: Em primeiro
lugar e diante de tudo, é essencial uma “Campanha Educativa” com o envolvimento
geral de toda a população. A Campanha Educativa está na pauta da minha
plataforma para se tornar lei obrigatória, incluída no PPA.
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