Dinalva Heloiza
O Brasil, e em especial estados e municípios brasileiros ainda mantém “dificuldades” para que, mulheres possam ocupar cargos de poder, serem eleitas e terem voz ativa nas tomadas de decisões políticas. E esse cenário ainda permanece, devido à exclusão histórica das mulheres na política, um espectro que até então reverbera no cenário político em nosso país e nas cidades, e em Goiânia não é diferente.
A baixa representatividade
feminina na legislatura e executivo municipal, é uma barreira para que as
políticas públicas legítimas possam prevalecer, e não somente no contexto da
mulher, mas sendo a mulher, a protagonista em sanear o serviço público conduzindo-o
ao seu devido compromisso democrático de direito!
E como bem sabemos, esse ano se apresenta
atípico desde o início, e no aspecto eleitoral, parece que não será diferente. Com
a crise do covid19, confinamento, meses em isolamento, e um retorno desordenado
das atividades econômicas, e às vésperas de uma eleição que demonstra uma maior
participação das mulheres, aponta claramente que as mulheres estão lutando por
suas posições nessa disputa eleitoral, ao menos em Goiânia, isso é certo!
O necessário florescimento da
consciência e determinação das mulheres em assumir o protagonismo na condução de
suas vidas e nos destinos do país, começa esse ano pelas cidades. A igualdade,
mesmo que ainda em minoria numérica, está entrando em campo para vencer com
capacidade e qualificação.
E por estarmos atenta a esse
cenário, especialmente em um tempo quando grande parte de toda a sociedade
deseja que a mulher ocupe seu espaço na política, nós do Blog Gyn Go Cities, decidimos conhecer um
pouco mais, algumas dessas mulheres, suas candidaturas, propostas, e o que as
levaram a enfrentar esse processo eleitoral, em um momento tão crítico do
país.
E uma dessas protagonistas em Goiânia, é a jovem cientista política, Ludmila Ingrid Rosa Melo, ou Ludmila Rosa, Avante –70.456, na coligação Goiânia: em um Novo Momento. Pois, uma coisa é certa, conhecimento, capacidades, e disposição não faltam a Ludmila Rosa, graduada em Ciências Políticas (Unb), e estudante de Direito (UFG), é natural do nordeste goiano, mais especificamente de Posse/Go, e reside em Goiânia, como ela bem diz, “entre idas e vindas, há 8 anos.”
E começamos nossa entrevista,
questionando Ludmila Rosa, sobre o que a levou a decidir-se candidatar a uma
vaga na Câmara Municipal de Goiânia, em 2020?
E sua resposta demonstra o vigor
com que essa jovem candidata disputa o processo eleitoral: “Me apaixonei pelo
poder transformador e conciliador da política na graduação em Ciência Política,
de lá pra cá passei a participar de inúmeros espaços de formação e foi aí que
me vi questionada sobre o porquê de não ser eu a agente das transformações que
desejávamos ver na cidade.”
Ela continua – “E a partir de um
apoio generalizado, dos muitos amigos, amigas e familiares foi essencial para
essa decisão, sem dúvidas, e também com muita responsabilidade, mas
principalmente por acreditar na necessidade e no potencial de uma renovação com
qualidade, eu me formei para isso e acredito que é fundamental que ocupemos o
espaço da política.
Gyn Go Cities: Com visão política, e sendo mulher como você pretende se posicionar frente às necessidades na criação de leis municipais e fiscalização das leis já existentes em proteção à mulher, em combate ao grande número de abusos, exclusão e violências contra a mulher que ocorre em Goiânia?
Ludmila Rosa - As mulheres
precisam se apropriar do espaço da política para se fazerem representadas,
sempre me posicionei e me posiciono a favor de políticas pensadas para ampliar
a participação das mulheres nos espaços decisórios e construtivos, é um passo
fundamental para que possamos discutir de forma ampla o enfrentamento às
situações de abusos, exclusões e violências morais, físicas e psicológicas.
Goiânia ainda é uma cidade onde
nunca tivemos uma prefeita e nossa Câmara Municipal, em 2020, possui apenas 5
mulheres, de 35 cadeiras. Precisamos mudar essa lógica de não eleger mulheres,
e, claro, não é eleger por eleger, temos mulheres preparadas, que estudaram
para isso, se formaram e apresentam boas propostas, precisamos dar voz e espaço
a elas.
Gyn Go Cities - Recentemente a cidade foi palco de manifestações e de várias polêmicas em razão de uma votação, ocorrida de forma indevida, sem que houvesse as devidas audiências públicas, pela Câmara Municipal de Goiânia, que impõe o Estatuto das Cidades, tanto que essa tão logo foi adiada para o pós eleições, sem data definida. Qual sua posição diante desse fato, e como você avalia o atual projeto e suas polêmicas?
Ludmila Rosa - A votação
do Plano Diretor em meio a pandemia era algo insustentável e impossível, a
decisão sobre o Plano que permanecerá vigente pelos próximos dez anos não pode
ser feita sem um debate amplo com a população e apenas com grandes construtoras
e outros grupos interessados na aprovação do projeto.
A participação popular estava se
dando de forma muito restrita, afinal, para participar das audiências online
era necessário internet de qualidade o que restringia, e muito, o acesso dos
cidadãos e cidadãs.
Além disso, o atual projeto tem
alguns problemas eu não sou contra o adensamento, mas, desde que ocorra de
forma inteligente, organizada e respeitando as características ambientais de
cada região. Os espaços de convivência nos bairros devem ser respeitados e
incentivados, isso é a garantia de qualidade de vida para a população.
Gyn Go Cities - Vivemos um cenário pandêmico global, uma doença provocada em razão da ineficiência e inexistência de políticas públicas em qualidade de vida, meio ambiente, saúde, educação, saneamento, segurança alimentar, dentre outros! Nesse contexto qual sua avaliação sobre esse cenário na cidade?
Ludmila Rosa: Sem dúvidas
a pandemia da Covid-19 impactou o mundo inteiro de inúmeras formas, em Goiânia
não foi diferente, a retomada vai demandar muito do setor público, reduzir os
impactos na educação, na economia, na saúde e qualidade de vida das pessoas no
geral tem que ser uma responsabilidade assumida por quem ocupar os legislativos
e executivos municipais todo a partir do próximo ano.
Precisaremos executar boas parcerias
público-privadas que visem a retomada da economia, incentivando pequenos e
microempresários, desburocratizando no que for possível para que quem mais
emprega na nossa cidade, que são os pequenos empresários. A educação também vai
demandar uma atenção especial, percebemos o grande abismo entre estudantes das
escolas públicas e privadas nesse momento de forma mais clara, será necessário
um grande investimento, não apenas financeiro, para reduzir as consequências da
pandemia para os estudantes.
Gyn Go Cities - O desenvolvimento sustentável, é um paradigma global na construção de políticas públicas eficientes, e geram qualidade de vida. Nesse contexto, e diante a demanda por políticas sustentáveis em Goiânia. Como você se posiciona nesse contexto, e quais suas propostas a criação e fiscalização das leis municipais que minimizem esses impactos?
Ludmila Rosa: A
urbanização é fruto de avanços tecnológicos, políticos e sociais, causando
grandes impactos ambientais. No entanto, acredito que os problemas provocados
devido à grande concentração de pessoas como: o aumento na geração de resíduos
e a queima de combustíveis fósseis, também podem ser reduzidas e por meio de
soluções criativas e inovadoras.
Goiânia precisa dar mais atenção
a produção de resíduos, ao seu descarte e criar formas de incentivos para a
redução dos danos, parcerias junto ao setor privado e com cooperativas de
reciclagem são essenciais. Precisamos também fiscalizar as construções e os
cuidados com as nossas nascentes, sem dúvidas nossa cidade precisa ser uma
cidade inteligente e isso demanda do vereador e da vereadora o acompanhamento
do trabalho do executivo e propostas viáveis, para isso podemos olhar para
outros municípios e iniciativas que têm funcionado.
Gyn Go Cities - Como você analisa a atual gestão e o descarte dos resíduos sólidos na capital, e quais suas propostas?
Ludmila Rosa - Goiânia
precisa colocar em prática políticas públicas de incentivo a reciclagem de
resíduos, redução da emissão de gases, apoio às cooperativas de reciclagem,
manutenção da cobertura da coleta seletiva em todo o município, devemos
fiscalizar a preservação das nascentes e rios.
Recentemente estive em
uma visita ao aterro sanitário de Goiânia, segundo o técnico que nos recebeu o nosso
aterro deve durar por no máximo mais 10 ou 15 anos e cerca de 60% dos resíduos
que chegam ali são recicláveis, precisamos reverter essa situação.
Gyn Go Cities - Quais ações (programas) e leis você pretende apresentar em benefício à cidade, que atenda a educação de qualidade para crianças, nas escolas públicas municipais?
Ludmila Rosa - Educação
básica de qualidade deve ser prioridade em nosso município, o acesso ao ensino
público e de qualidade deve ser regra. Precisaremos de uma melhor
infraestrutura, ainda mais pós pandemia da Covid-19, para que alunos aprendam e
professores e professoras possam trabalhar dignamente.
Uma educação humanizada que
discuta cultura, meio ambiente e nossas cidades depende da valorização e
qualificação dos profissionais da educação. Além de que, o aprendizado dos
estudantes depende de uma rede de apoio familiar e outros locais de convivência
como, praças, parques e a prática de esportes, só assim poderemos solucionar
problemas como a evasão de jovens e adolescentes das escolas ou mesmo das
distorções idade-série.
Ludmila Rosa - Precisamos
pensar em mobilidade urbana sustentável e isso significa deixar as
oportunidades de saúde, emprego, educação e lazer acessíveis às pessoas
independentemente de onde morem.
Com nossas cidades cada vez mais
urbanizadas é preciso que pensemos em mobilidade mais eficiente. Isso contribui
com o bom funcionamento e com o desenvolvimento sustentável dos nossos centros urbanos.
Precisamos de políticas que garantam a segurança de pedestres e ciclistas, uma
cidade com acessibilidade, que seja inclusiva e, que ofereça aos cidadãos
condições de infraestrutura.
As soluções também dependem da
fiscalização do serviço das concessionárias de transporte público: transporte
seguro, eficiente e de qualidade é direito de todas e todos.
Gyn Go Cities - Diante dos impactos provocados pela poluição do lixo, a poluição sonora, visual e de gases, que já afetam a harmonia e o clima da cidade, quais suas propostas?
Ludmila Rosa - Estive esse
ano mais uma vez no aterro sanitário de Goiânia, nessa visita o técnico
responsável informou que atualmente nossa cidade produz 1200 toneladas de
resíduos orgânicos que chegam diariamente ao aterro. Cerca de 60% ainda do que
chega ali poderia ser reciclado, isso significa que podemos reduzir e muito
esses números.
Eu acredito que precisamos
fortalecer o trabalho das cooperativas, instituir novas abordagens para o
incentivo a reciclagem junto aos cidadãos e, principalmente, junto às empresas
de nosso Município, oferecendo benefícios e trabalhando junto as que se
comprometerem a adotar essa pauta e medidas efetivas.
Parabéns pela matéria! É sempre bom poder acompanhar o que acontece em nossa capital!
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