sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Ludmila Rosa - (Avante) candidata a vereadora por Goiânia: "Me apaixonei pelo poder transformador e conciliador da política na graduação em Ciência Política"

 Dinalva Heloiza

O Brasil, e em especial estados e municípios brasileiros ainda mantém “dificuldades” para que, mulheres possam ocupar cargos de poder, serem eleitas e terem voz ativa nas tomadas de decisões políticas. E esse cenário ainda permanece, devido à exclusão histórica das mulheres na política, um espectro que até então reverbera no cenário político em nosso país e nas cidades, e em Goiânia não é diferente.

A baixa representatividade feminina na legislatura e executivo municipal, é uma barreira para que as políticas públicas legítimas possam prevalecer, e não somente no contexto da mulher, mas sendo a mulher, a protagonista em sanear o serviço público conduzindo-o ao seu devido compromisso democrático de direito!

E como bem sabemos, esse ano se apresenta atípico desde o início, e no aspecto eleitoral, parece que não será diferente. Com a crise do covid19, confinamento, meses em isolamento, e um retorno desordenado das atividades econômicas, e às vésperas de uma eleição que demonstra uma maior participação das mulheres, aponta claramente que as mulheres estão lutando por suas posições nessa disputa eleitoral, ao menos em Goiânia, isso é certo!  

O necessário florescimento da consciência e determinação das mulheres em assumir o protagonismo na condução de suas vidas e nos destinos do país, começa esse ano pelas cidades. A igualdade, mesmo que ainda em minoria numérica, está entrando em campo para vencer com capacidade e qualificação.

E por estarmos atenta a esse cenário, especialmente em um tempo quando grande parte de toda a sociedade deseja que a mulher ocupe seu espaço na política, nós do  Blog Gyn Go Cities, decidimos conhecer um pouco mais, algumas dessas mulheres, suas candidaturas, propostas, e o que as levaram a enfrentar esse processo eleitoral, em um momento tão crítico do país. 

                                                             Ludmila Rosa - Avante - 70.456

E uma dessas protagonistas em Goiânia, é a jovem cientista política, Ludmila Ingrid Rosa Melo, ou Ludmila Rosa, Avante –70.456, na coligação Goiânia: em um Novo Momento. Pois, uma coisa é certa, conhecimento, capacidades, e disposição não faltam a Ludmila Rosa, graduada em Ciências Políticas (Unb), e estudante de Direito (UFG), é natural do nordeste goiano, mais especificamente de Posse/Go, e reside em Goiânia, como ela bem diz, “entre idas e vindas, há 8 anos.”

E começamos nossa entrevista, questionando Ludmila Rosa, sobre o que a levou a decidir-se candidatar a uma vaga na Câmara Municipal de Goiânia, em 2020?

E sua resposta demonstra o vigor com que essa jovem candidata disputa o processo eleitoral: “Me apaixonei pelo poder transformador e conciliador da política na graduação em Ciência Política, de lá pra cá passei a participar de inúmeros espaços de formação e foi aí que me vi questionada sobre o porquê de não ser eu a agente das transformações que desejávamos ver na cidade.”  

Ela continua – “E a partir de um apoio generalizado, dos muitos amigos, amigas e familiares foi essencial para essa decisão, sem dúvidas, e também com muita responsabilidade, mas principalmente por acreditar na necessidade e no potencial de uma renovação com qualidade, eu me formei para isso e acredito que é fundamental que ocupemos o espaço da política.


Gyn Go Cities: Com visão política, e sendo mulher como você pretende se posicionar frente às necessidades na criação de leis municipais e fiscalização das leis já existentes em proteção à mulher, em combate ao grande número de abusos, exclusão e violências contra a mulher que ocorre em Goiânia?

Ludmila Rosa - As mulheres precisam se apropriar do espaço da política para se fazerem representadas, sempre me posicionei e me posiciono a favor de políticas pensadas para ampliar a participação das mulheres nos espaços decisórios e construtivos, é um passo fundamental para que possamos discutir de forma ampla o enfrentamento às situações de abusos, exclusões e violências morais, físicas e psicológicas.

Goiânia ainda é uma cidade onde nunca tivemos uma prefeita e nossa Câmara Municipal, em 2020, possui apenas 5 mulheres, de 35 cadeiras. Precisamos mudar essa lógica de não eleger mulheres, e, claro, não é eleger por eleger, temos mulheres preparadas, que estudaram para isso, se formaram e apresentam boas propostas, precisamos dar voz e espaço a elas.

Gyn Go Cities - Recentemente a cidade foi palco de manifestações e de várias polêmicas em razão de uma votação, ocorrida de forma indevida, sem que houvesse as devidas audiências públicas, pela Câmara Municipal de Goiânia, que impõe o Estatuto das Cidades, tanto que essa tão logo foi adiada para o pós eleições, sem data definida. Qual sua posição diante desse fato, e como você avalia o atual projeto e suas polêmicas?

Ludmila Rosa - A votação do Plano Diretor em meio a pandemia era algo insustentável e impossível, a decisão sobre o Plano que permanecerá vigente pelos próximos dez anos não pode ser feita sem um debate amplo com a população e apenas com grandes construtoras e outros grupos interessados na aprovação do projeto.

A participação popular estava se dando de forma muito restrita, afinal, para participar das audiências online era necessário internet de qualidade o que restringia, e muito, o acesso dos cidadãos e cidadãs.

Além disso, o atual projeto tem alguns problemas eu não sou contra o adensamento, mas, desde que ocorra de forma inteligente, organizada e respeitando as características ambientais de cada região. Os espaços de convivência nos bairros devem ser respeitados e incentivados, isso é a garantia de qualidade de vida para a população.

Gyn Go Cities - Vivemos um cenário pandêmico global, uma doença provocada em razão da ineficiência e inexistência de políticas públicas em qualidade de vida, meio ambiente, saúde, educação, saneamento, segurança alimentar, dentre outros! Nesse contexto qual sua avaliação sobre esse cenário na cidade?

Ludmila Rosa: Sem dúvidas a pandemia da Covid-19 impactou o mundo inteiro de inúmeras formas, em Goiânia não foi diferente, a retomada vai demandar muito do setor público, reduzir os impactos na educação, na economia, na saúde e qualidade de vida das pessoas no geral tem que ser uma responsabilidade assumida por quem ocupar os legislativos e executivos municipais todo a partir do próximo ano.

Precisaremos executar boas parcerias público-privadas que visem a retomada da economia, incentivando pequenos e microempresários, desburocratizando no que for possível para que quem mais emprega na nossa cidade, que são os pequenos empresários. A educação também vai demandar uma atenção especial, percebemos o grande abismo entre estudantes das escolas públicas e privadas nesse momento de forma mais clara, será necessário um grande investimento, não apenas financeiro, para reduzir as consequências da pandemia para os estudantes.

Gyn Go Cities - O desenvolvimento sustentável, é um paradigma global na construção de políticas públicas eficientes, e geram qualidade de vida. Nesse contexto, e diante a demanda por políticas sustentáveis em Goiânia. Como você se posiciona nesse contexto, e quais suas propostas a criação e fiscalização das leis municipais que minimizem esses impactos?

Ludmila Rosa: A urbanização é fruto de avanços tecnológicos, políticos e sociais, causando grandes impactos ambientais. No entanto, acredito que os problemas provocados devido à grande concentração de pessoas como: o aumento na geração de resíduos e a queima de combustíveis fósseis, também podem ser reduzidas e por meio de soluções criativas e inovadoras.

Goiânia precisa dar mais atenção a produção de resíduos, ao seu descarte e criar formas de incentivos para a redução dos danos, parcerias junto ao setor privado e com cooperativas de reciclagem são essenciais. Precisamos também fiscalizar as construções e os cuidados com as nossas nascentes, sem dúvidas nossa cidade precisa ser uma cidade inteligente e isso demanda do vereador e da vereadora o acompanhamento do trabalho do executivo e propostas viáveis, para isso podemos olhar para outros municípios e iniciativas que têm funcionado.


Gyn Go Cities - Como você analisa a atual gestão e o  descarte dos resíduos sólidos na capital, e quais suas propostas?   

Ludmila Rosa - Goiânia precisa colocar em prática políticas públicas de incentivo a reciclagem de resíduos, redução da emissão de gases, apoio às cooperativas de reciclagem, manutenção da cobertura da coleta seletiva em todo o município, devemos fiscalizar a preservação das nascentes e rios.

Recentemente estive em uma visita ao aterro sanitário de Goiânia, segundo o técnico que nos recebeu o nosso aterro deve durar por no máximo mais 10 ou 15 anos e cerca de 60% dos resíduos que chegam ali são recicláveis, precisamos reverter essa situação.

Gyn Go Cities - Quais ações (programas) e leis você pretende apresentar em benefício à cidade,  que atenda a educação de qualidade para crianças, nas escolas públicas municipais?

Ludmila Rosa - Educação básica de qualidade deve ser prioridade em nosso município, o acesso ao ensino público e de qualidade deve ser regra. Precisaremos de uma melhor infraestrutura, ainda mais pós pandemia da Covid-19, para que alunos aprendam e professores e professoras possam trabalhar dignamente.

Uma educação humanizada que discuta cultura, meio ambiente e nossas cidades depende da valorização e qualificação dos profissionais da educação. Além de que, o aprendizado dos estudantes depende de uma rede de apoio familiar e outros locais de convivência como, praças, parques e a prática de esportes, só assim poderemos solucionar problemas como a evasão de jovens e adolescentes das escolas ou mesmo das distorções idade-série.

 Gyn Go Cities - Quais suas propostas para a cidade no cenário da mobilidade urbana?

Ludmila Rosa - Precisamos pensar em mobilidade urbana sustentável e isso significa deixar as oportunidades de saúde, emprego, educação e lazer acessíveis às pessoas independentemente de onde morem.

Com nossas cidades cada vez mais urbanizadas é preciso que pensemos em mobilidade mais eficiente. Isso contribui com o bom funcionamento e com o desenvolvimento sustentável dos nossos centros urbanos. Precisamos de políticas que garantam a segurança de pedestres e ciclistas, uma cidade com acessibilidade, que seja inclusiva e, que ofereça aos cidadãos condições de infraestrutura.

As soluções também dependem da fiscalização do serviço das concessionárias de transporte público: transporte seguro, eficiente e de qualidade é direito de todas e todos.

Gyn Go Cities - Diante dos impactos provocados pela poluição do lixo, a poluição sonora, visual e de gases, que já afetam a harmonia e o clima da cidade, quais suas propostas?

Ludmila Rosa - Estive esse ano mais uma vez no aterro sanitário de Goiânia, nessa visita o técnico responsável informou que atualmente nossa cidade produz 1200 toneladas de resíduos orgânicos que chegam diariamente ao aterro. Cerca de 60% ainda do que chega ali poderia ser reciclado, isso significa que podemos reduzir e muito esses números.

Eu acredito que precisamos fortalecer o trabalho das cooperativas, instituir novas abordagens para o incentivo a reciclagem junto aos cidadãos e, principalmente, junto às empresas de nosso Município, oferecendo benefícios e trabalhando junto as que se comprometerem a adotar essa pauta e medidas efetivas.


Um comentário:

  1. Parabéns pela matéria! É sempre bom poder acompanhar o que acontece em nossa capital!

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