quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Como Diferenciar Políticos Comprometidos com o Bem Comum, dos que se Utilizam da Democracia para atender aos seus Interesses Pessoais.


Dinalva Heloiza

Em tempos de eleições e renovação política, nós cidadãs e cidadãos brasileiros enfrentamos o desafio de escolher nossos representantes de maneira consciente. A democracia oferece a oportunidade de eleger indivíduos que devem, em teoria, agir em prol do bem comum, comprometidos com a melhoria das condições sociais, econômicas e culturais da população. No entanto, essa mesma democracia pode ser explorada por aqueles que utilizam a política como trampolim para benefícios pessoais, colocando em risco os valores éticos e democráticos que sustentam o sistema.

Este contraponto é crucial para que possamos distinguir entre líderes que têm genuíno compromisso com seus eleitores e aqueles que veem a política como um palanque para seus próprios interesses. Identificar as características de um político ético e responsável, ao mesmo tempo que reconhecemos os sinais de um político que age por motivações egoístas, é o primeiro passo para uma sociedade mais consciente e para a construção de municípios que realmente representem os anseios populares.

O Político Comprometido com o Bem Comum

Uma liderança política que atua de maneira ética e democrática carrega consigo uma série de valores que norteiam suas decisões, sempre focada no bem coletivo. Esses indivíduos demonstram:

1. Transparência e honestidade: Governar com clareza é um dos pilares de uma política justa. Políticos comprometidos prestam contas de suas ações, explicam suas decisões e não escondem informações dos eleitores. Esse compromisso com a verdade é a base da confiança entre o público e os governantes.

2. Responsabilidade: Essas lideranças entendem que suas decisões têm impacto direto na vida das pessoas e assumem a responsabilidade por suas ações. Um político responsável busca soluções concretas e trabalha para implementá-las, com um plano claro de ação.

3. Justiça e equidade: Políticos éticos lutam por igualdade de oportunidades e tratam os cidadãos de forma justa, sem discriminação. Suas políticas são voltadas para reduzir desigualdades e promover o bem-estar de todos, especialmente os mais vulneráveis.

4. Empatia e sensibilidade social: A capacidade de se colocar no lugar do outro é essencial para a política democrática. Um político com empatia ouve as demandas da população, especialmente das minorias, e age com o objetivo de melhorar as condições de vida da sociedade como um todo.

5. Compromisso com o meio ambiente e o futuro: A sustentabilidade é outro valor fundamental de uma liderança política que atua com ética. Eles sabem que suas decisões impactam o planeta e as gerações futuras, e por isso, adotam políticas públicas que promovem o desenvolvimento sustentável.

6. Respeito às instituições democráticas: Uma liderança comprometida com a democracia respeita as leis e as instituições que a garantem, como o Judiciário, o Legislativo e a imprensa livre. Ele entende que o sistema de freios e contrapesos é essencial para o funcionamento de uma democracia saudável.

Esses valores são a base para distinguir políticos verdadeiramente comprometidos com o interesse público. O foco deles é o bem-estar da comunidade e não o lucro pessoal ou a manutenção de poder.

O Político que Usa a Democracia para Benefícios Pessoais.

Por outro lado, a política muitas vezes atrai figuras que utilizam a democracia como uma fachada para seus próprios interesses. Essas pessoas, embora eleitas para representar a sociedade, agem visando principalmente o enriquecimento ou a manutenção de seu poder. Eis alguns sinais que os revelam:

1. Corrupção e desvio de recursos públicos: O envolvimento em escândalos de corrupção é um dos primeiros sinais de que o político não está comprometido com o bem comum. O uso indevido de verbas públicas, o desvio de recursos e o favorecimento de empresas ou indivíduos em troca de vantagens pessoais são práticas comuns desses indivíduos.

2. Nepotismo e favorecimento: Políticos que nomeiam parentes, amigos e aliados para cargos públicos sem base no mérito estão mais preocupados em fortalecer sua rede de poder do que em garantir uma administração eficiente e justa.

3. Promessas vazias e populismo: Utilizam discursos inflamados e promessas irrealistas para manipular os sentimentos dos eleitores, sem a intenção de cumprir o que foi prometido. O populismo serve apenas como uma estratégia de conquista de votos, sem um compromisso genuíno com o que foi prometido.

4. Enriquecimento pessoal rápido e suspeito: Políticos que acumulam fortunas de forma inexplicável durante seu mandato devem ser vistos com suspeita. O enriquecimento pessoal sem explicações claras indica que o político está utilizando o cargo para obter benefícios próprios.

5. Uso exagerado de privilégios: Aproveitam ao máximo os benefícios do cargo, como o uso de verbas públicas para despesas pessoais ou viagens não justificadas. Isso revela uma postura de desrespeito ao dinheiro público e ao papel que deveriam desempenhar como servidores da sociedade.

6. Clientelismo e troca de favores: Um político que depende da troca de favores para manter-se no poder cria uma rede de dependência, utilizando cargos e benefícios públicos para garantir apoio político, em vez de focar no interesse coletivo.

7. Ataques às instituições democráticas: Quando um político tenta deslegitimar as eleições, atacar a imprensa ou enfraquecer outras instituições democráticas, ele demonstra claramente seu interesse em concentrar poder, mesmo que isso comprometa o sistema democrático como um todo.

A Importância da Vigilância Cidadã 

Diante dessas características, torna-se cada vez mais essencial que cidadãs e cidadãos brasileiros mantenha-se vigilantes e críticos em relação aos seus representantes. A democracia permite que sejamos agentes ativos no processo de escolha, e, por isso, é crucial diferenciar entre aqueles que realmente buscam servir a sociedade e os que veem a política como um meio de autopromoção e enriquecimento.

Como Escolher Melhor?

Para tomar uma decisão informada, o eleitor deve:

1. Pesquisar o histórico do candidato – Verifique seu envolvimento em escândalos, sua postura em relação à transparência e sua experiência em cargos anteriores.

2. Cobrar promessas realistas – Desconfie de propostas mirabolantes que não possuem base concreta para serem implementadas. Pergunte sempre “como” o candidato pretende realizar suas promessas.

3. Observar seu comportamento durante o mandato – Aqueles que fazem promessas vazias, favorecem aliados e acumulam poder não têm compromisso com o bem comum.

4. Valorizar o compromisso com as instituições democráticas – A preservação da democracia depende do respeito às suas instituições. Eleitores devem apoiar candidatos que respeitem o sistema de freios e contrapesos e a liberdade de imprensa.

Um exemplo é a Operação Lava Jato e Suas Consequências que até hoje impactam as Eleições Brasileiras

Um dos episódios mais marcantes e divisivos da política recente no Brasil foi a Operação Lava Jato. Conduzida com o objetivo de combater a corrupção, a operação revelou esquemas de desvio de recursos e lavagem de dinheiro envolvendo empresas estatais, empreiteiras e políticos. No entanto, o desenrolar da operação também trouxe à tona questões preocupantes sobre a imparcialidade no exercício do Judiciário brasileiro naquela época, principalmente no caso do nosso atual presidente Lula, que na época não ocupava cargo público.

Liderada pelo então juiz Sérgio Moro, a Lava Jato culminou na prisão de Lula em 2018, em um processo que mais tarde foi questionado por sua condução parcial e precipitada. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as condenações de Lula, reconhecendo que o julgamento havia sido conduzido por um juiz com motivações políticas, comprometendo a integridade do processo. Essa manobra jurídica não só impediu Lula de concorrer à presidência nas eleições de 2018, mas também abriu caminho para a eleição de Jair Bolsonaro.

A ascensão de Bolsonaro, um político de longa carreira, mas sem expressão significativa até então, foi impulsionada por um discurso populista, moralista e de combate à corrupção, mesmo que, ironicamente, ele próprio fosse cercado por suspeitas de corrupção e práticas antiéticas. Com apoio de falsos moralistas, militares corruptos e fundamentalistas religiosos, Bolsonaro se aproveitou da polarização gerada pela Lava Jato para se apresentar como o "salvador" da pátria. Sua retórica inflamada e seu desprezo pelas instituições democráticas provocaram uma profunda divisão na sociedade brasileira, que em alguns aspectos persiste até os dias de hoje, e ainda serve de retórica para muitos que visivelmente desejam emplacar seus interesses pessoais tanto nos executivos estaduais, municipais e também nas bancadas políticas em todo o Brasil.

O impacto dessa combinação de manipulação judicial e discurso populista até hoje se reflete nas eleições, onde a polarização e a argumentação de desconfiança nas instituições são alicerces para muitos emplacarem essa fatia sem coerência da sociedade brasileira. A desinformação, o discurso de ódio e o uso de plataformas sociais, discursos religiosos e violência militar são instrumentos amplamente utilizados para angariar apoio o que mantêm o cenário político tenso e fragilizado.

O Que Podemos Aprender?

Este episódio ressalta a importância de uma justiça verdadeiramente imparcial e de um eleitorado atento às reais intenções dos candidatos. A sociedade brasileira deve estar ciente dos riscos de eleger líderes que, em vez de fortalecerem a democracia, buscam dividir a população e minar as instituições. O compromisso com o bem comum e com os valores éticos deve ser o critério principal na escolha de nossos representantes. Só assim poderemos superar a divisão e caminhar rumo a um futuro mais justo e democrático.

A construção de uma sociedade mais justa, igualitária e democrática depende diretamente da escolha de líderes comprometidos com esses valores. Cabe a nós, cidadãos e cidadãs desenvolver uma postura crítica em relação aos candidatos, diferenciando aqueles que buscam servir à população dos que veem a política como um caminho para atender aos seus próprios interesses. Afinal, a verdadeira força de uma democracia está em uma sociedade informada e vigilante, que não se deixa enganar por promessas vazias e discursos populistas.

Assim, é possível fortalecer a democracia brasileira, garantindo que nossos representantes, em todos os níveis, ajam com ética, responsabilidade e, sobretudo, em benefício de toda a sociedade brasileira.

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