Dinalva Heloiza
Após quase um mês, em que estive ausente de praticamente todas as fontes de informação, por questões pessoais e estruturais, transformei esse momento em um período prazeroso, pois assim, pude me debruçar sobre diversos estudos e leituras que se encontravam pendentes em minha estante.
Mas, qual não é a minha surpresa
ao retornar e me deparar com os fatos mais relevantes, ocorridos durante esse período,
em especial ao descobrir que, a executiva municipal da Rede Sustentabilidade – ao
tentar acordos com o nome de sua candidata à prefeitura de Goiânia Maria Ester,
como vice prefeita o partido com esse alinhavo fez com que ela retirasse sua
candidatura.
E isso ocorre em Goiás, pela
segunda vez, consecutiva – quando o partido retira a postulação de candidatura
própria, inclusive, sendo um perfil totalmente alinhado com as propositivas do
partido, a arquiteta e urbanista Maria Ester, e que recentemente havia sido aclamada
pela Convenção do partido, como candidata a prefeitura municipal de Goiânia.
Ao pressionar por apoios e a consequente retirada da candidatura de Maria Ester, infelizmente a executiva local retira de todos nós, a contribuição que tal nome nos traria, no mínimo, a frente de um debate político mais enriquecedor e sustentabilista, e certamente se eleita – com base em aspectos que percebi de sua visão progressista, estaria ela promovendo uma gestão inovadora e eficiente em nossa cena política, e colocando assim, um fim, a esse coronelismo machista, destoante e inepto que infesta a cena política em nossa capital, na maioria do estado e certamente em grande parte do país.
Com essa ação, a executiva municipal retira de todos nós, cidadãs e cidadãos de bem, a esperança de promovermos mudanças essenciais, a partir das próximas eleições.
E se todos se lembram, essa não foi
a primeira vez que o partido em Goiás, incorreu no mesmo erro. O primeiro caso se
deu nas eleições estaduais de 2018 – quando veio à tona o nome do então sub-procurador
do Ministério do Trabalho, Edson Braz, que na época surgiu como pré-candidato a
governador pelo estado de goiás.
Com um perfil progressista, e
visão no humano e sustentável, Edson Braz, chegou a convenção, mas ali a
executiva regional decidiu por apoiar outro candidato.
E mais uma vez, em 2020, em um momento
onde muitos de nós já se permitiam navegar pela doce expectativa de uma cidade
mais humana, menos desigual e mais sustentável, sendo confirmado, até mesmo
pela Convenção Online realizada pela Rede, em 1º de setembro, quando definiu-se
então, a candidatura de Maria Ester – que também é mestre e doutora em
geografia urbana, professora da PUC/Goiás, conselheira do CAU/Goiás, – a
prefeitura de Goiânia, e um nome que inclusive, estava consolidando um grande
apoio do setor acadêmico em Goiânia, formadores de opinião, universitários e
instituições de classe, dentre outros.
Um nome diante do qual elevou-se
as expectativas de todos nós. Foi quando vimos a possibilidade de uma possível administração,
cujas competências se destacam amplamente entre todos os postulantes, detentora
de amplo conhecimento e das demandas que assolam as cidades, em especial de
Goiânia, onde na última década a capital goiana protagonizou por três vezes
consecutivas e de forma vexatória, o topo dos mapas da desigualdade latino-americana
e global, nos relatórios da ONU Habitat, o que de imediato, reacendeu
intimamente em muitos de nós, a chama pela construção da Cidade Que Queremos.
Uma candidatura que, sem dúvida
alguma, viabilizaria os passos iniciais para uma jornada com a prevalência do
desenvolvimento sustentável, pois, Maria Ester é também, reconhecida como uma
das maiores autoridades em cidades em nosso estado, o que, lhe permitiria
através de uma visão global, o compromisso eficiente com a ação local, em
especial, combater e minimizar esses impactos urgentes e emergentes, o que, por
mais de uma década, fazem de Goiânia, uma cidade desumana.
Nesse cenário, ao mesmo tempo em
que vimos reacender essa chama em nossas mentes e corações, e o profundo desejo
de viver uma nova cidade, percebíamos os valores éticos de sua personalidade, o
que diante desse momento caótico que atravessa a política em todos os cenários,
tornou-a imprescindível na cena política.
Assim como, da mesma forma, sempre
que se aproximam as presidenciáveis, com a soma desses mesmos valores, somados
a sua especial trajetória política e uma histórica atuação como ministra do
meio ambiente nacional, Marina Silva, sempre reacende também em nós, o desejo por
um novo modelo de país.
Mas, ao contrário de toda essa
construção, ao retirar a candidatura de Maria Ester, e definir apoio a um nome
com pouca relevância, e que continuamente se elege através dos velhos padrões políticos,
tão desgastado e já bem conhecido por toda a sociedade. Nada além do mesmo.
Desde que me afeiçoei as
propostas da Rede Sustentabilidade, quando Marina Silva fundou o partido, foi principalmente
pelos aspectos éticos que apontavam para um novo exercício político, o que é um
imperativo, e urge em se estabelecer na cena política. Um desses aspectos
estava justamente, em que o partido combatia os velhos acordos do toma lá, dá
cá, que continuamente expõe tanto as sociedades, quanto os territórios, aos incautos
tropeços desses atores políticos e seus partidos, o que na maioria das vezes ocorre
em detrimento da mulher, e mesmo dos valores sustentáveis e progressistas,
fundamentais ao exercício de um novo modelo político, em especial, na cena
goiana.
Espero que esse desabafo, não me
faça parecer rude, pois não é essa a intenção, mas sim, chamar a atenção de um
partido, que foi fundado com o diferencial de uma proposta inigualável, em cena
nacional. Mas mesmo diante de todos esses valores, tenho certeza que a jornada
da Rede Sustentabilidade e em especial de Marina Silva, nunca foram fáceis, mas
talvez, mais ainda por essa razão, essa luta deva ser ainda mais acirrada e constante,
pelo grande debate que esses valores propõem em uma grande e uníssona construção,
o que também deveria ser o teor do cerne que norteia os princípios da executiva
regional do partido.
Não sou contra que aja apoio, mas
que esse seja minimamente valorizado, somente pós-primeiro turno, pois, caso
não se faça essa primeira jornada em regiões possíveis de se estabelecer um
público considerável em prol do desenvolvimento sustentável, e que possam se
alinhar as propostas do partido, apenas transparece para todos nós, um descaso
com nossos valores e princípios em cidadania, e mais, o desejo de uma grande
maioria em se estabelecer uma nova política em nossa cidade, e igualmente em
todo o estado e em nosso país.
E apesar de minha pouca ou
nenhuma convivência com a regional da Rede, todos tem a minha admiração, mas
talvez, justamente por esse distanciamento, eu possa ver com mais clareza,
alguns fatos que creio serem imprescindíveis.
E destaco que, deve haver maior
unidade entre a executiva local, regional e nacional, e urge a necessidade de
se estabelecer publicamente, debates
mais periódicos que envolvam o cenário local, regional e a nacional, com
participação pública, pois só assim, é possível a essas respectivas executivas,
desenvolverem uma maior interação com o público goiano, e fortalecer uma unidade
com a executiva nacional, o que também permite, tão logo seja anunciado um nome
pela respectiva Convenção, que imediato,
esse nome seja oficialmente apresentado a sociedade, via Online, com participação
pública de toda a executiva e evidentemente a presença de Marina Silva, pois
assim, além da regional cumprir suas funções com a sociedade, estará também
apresentando publicamente uma unidade com a nacional, o que permite abrir com
periodicidade também em nossa região, debates fundamentais para a construção do
desenvolvimento sustentável em nossas cidades, no estado, e o fortalecimento
dessas discussões em todo o país, e assim fica posto, que essa candidatura passa
a ser pública e legitimada pela transparência da executiva local, regional, e nacional,
diante de toda a sociedade goianiense.
Pois quem sabe assim, eleitores
como eu, que ultimamente vem fazendo um grande uso do voto nulo, como ocorreu por
último, durante o segundo turno das eleições nacionais, o que, possivelmente ocorrerá
também nas municipais desse ano, não mais necessitaremos nos valer desse
instrumento eleitoral, em defesa e preservação dos nossos valorosos princípios em
cidadania, o que ainda me permite, um mínimo de dignidade cidadã e pensamento
crítico!
Obrigada pelas palavras. Penso que podemos continuar construindo alguma coisa. Se não na Rede, na vida...
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