sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Ao retirar a candidatura de Maria Ester à prefeitura municipal de Goiânia, a executiva municipal da Rede Sustentabilidade, retira de uma grande parte da sociedade goianiense, a esperança de uma cidade mais sustentável, menos desigual e mais humana.

Dinalva Heloiza 

Após quase um mês, em que estive ausente de praticamente todas as fontes de informação, por questões pessoais e estruturais, transformei esse momento em um período prazeroso, pois assim, pude me debruçar sobre diversos estudos e leituras que se encontravam pendentes em minha estante.

Mas, qual não é a minha surpresa ao retornar e me deparar com os fatos mais relevantes, ocorridos durante esse período, em especial ao descobrir que, a executiva municipal da Rede Sustentabilidade – ao tentar acordos com o nome de sua candidata à prefeitura de Goiânia Maria Ester, como vice prefeita o partido com esse alinhavo fez com que ela retirasse sua candidatura.

E isso ocorre em Goiás, pela segunda vez, consecutiva – quando o partido retira a postulação de candidatura própria, inclusive, sendo um perfil totalmente alinhado com as propositivas do partido, a arquiteta e urbanista Maria Ester, e que recentemente havia sido aclamada pela Convenção do partido, como candidata a prefeitura municipal de Goiânia.


Ao pressionar por apoios e a consequente retirada da candidatura de Maria Ester, infelizmente a executiva local retira de todos nós, a contribuição que tal nome nos traria, no mínimo, a frente de um debate político mais enriquecedor e sustentabilista, e certamente se eleita – com base em aspectos que percebi de sua visão progressista, estaria ela promovendo uma gestão inovadora e eficiente em nossa cena política, e colocando assim, um fim, a esse coronelismo machista, destoante e inepto que infesta a cena política em nossa capital, na maioria do estado e certamente em grande parte do país.

Com essa ação, a executiva municipal retira de todos nós, cidadãs e cidadãos de bem, a esperança de promovermos mudanças essenciais, a partir das próximas eleições.   

E se todos se lembram, essa não foi a primeira vez que o partido em Goiás, incorreu no mesmo erro. O primeiro caso se deu nas eleições estaduais de 2018 – quando veio à tona o nome do então sub-procurador do Ministério do Trabalho, Edson Braz, que na época surgiu como pré-candidato a governador pelo estado de goiás.  

Com um perfil progressista, e visão no humano e sustentável, Edson Braz, chegou a convenção, mas ali a executiva regional decidiu por apoiar outro candidato.  

E mais uma vez, em 2020, em um momento onde muitos de nós já se permitiam navegar pela doce expectativa de uma cidade mais humana, menos desigual e mais sustentável, sendo confirmado, até mesmo pela Convenção Online realizada pela Rede, em 1º de setembro, quando definiu-se então, a candidatura de Maria Ester – que também é mestre e doutora em geografia urbana, professora da PUC/Goiás, conselheira do CAU/Goiás, – a prefeitura de Goiânia, e um nome que inclusive, estava consolidando um grande apoio do setor acadêmico em Goiânia, formadores de opinião, universitários e instituições de classe, dentre outros.

Um nome diante do qual elevou-se as expectativas de todos nós. Foi quando vimos a possibilidade de uma possível administração, cujas competências se destacam amplamente entre todos os postulantes, detentora de amplo conhecimento e das demandas que assolam as cidades, em especial de Goiânia, onde na última década a capital goiana protagonizou por três vezes consecutivas e de forma vexatória, o topo dos mapas da desigualdade latino-americana e global, nos relatórios da ONU Habitat, o que de imediato, reacendeu intimamente em muitos de nós, a chama pela construção da Cidade Que Queremos.

Uma candidatura que, sem dúvida alguma, viabilizaria os passos iniciais para uma jornada com a prevalência do desenvolvimento sustentável, pois, Maria Ester é também, reconhecida como uma das maiores autoridades em cidades em nosso estado, o que, lhe permitiria através de uma visão global, o compromisso eficiente com a ação local, em especial, combater e minimizar esses impactos urgentes e emergentes, o que, por mais de uma década, fazem de Goiânia, uma cidade desumana.

Nesse cenário, ao mesmo tempo em que vimos reacender essa chama em nossas mentes e corações, e o profundo desejo de viver uma nova cidade, percebíamos os valores éticos de sua personalidade, o que diante desse momento caótico que atravessa a política em todos os cenários, tornou-a imprescindível na cena política.

Assim como, da mesma forma, sempre que se aproximam as presidenciáveis, com a soma desses mesmos valores, somados a sua especial trajetória política e uma histórica atuação como ministra do meio ambiente nacional, Marina Silva, sempre reacende também em nós, o desejo por um novo modelo de país.

Mas, ao contrário de toda essa construção, ao retirar a candidatura de Maria Ester, e definir apoio a um nome com pouca relevância, e que continuamente se elege através dos velhos padrões políticos, tão desgastado e já bem conhecido por toda a sociedade. Nada além do mesmo.

Desde que me afeiçoei as propostas da Rede Sustentabilidade, quando Marina Silva fundou o partido, foi principalmente pelos aspectos éticos que apontavam para um novo exercício político, o que é um imperativo, e urge em se estabelecer na cena política. Um desses aspectos estava justamente, em que o partido combatia os velhos acordos do toma lá, dá cá, que continuamente expõe tanto as sociedades, quanto os territórios, aos incautos tropeços desses atores políticos e seus partidos, o que na maioria das vezes ocorre em detrimento da mulher, e mesmo dos valores sustentáveis e progressistas, fundamentais ao exercício de um novo modelo político, em especial, na cena goiana.  

Espero que esse desabafo, não me faça parecer rude, pois não é essa a intenção, mas sim, chamar a atenção de um partido, que foi fundado com o diferencial de uma proposta inigualável, em cena nacional. Mas mesmo diante de todos esses valores, tenho certeza que a jornada da Rede Sustentabilidade e em especial de Marina Silva, nunca foram fáceis, mas talvez, mais ainda por essa razão, essa luta deva ser ainda mais acirrada e constante, pelo grande debate que esses valores propõem em uma grande e uníssona construção, o que também deveria ser o teor do cerne que norteia os princípios da executiva regional do partido.  

Não sou contra que aja apoio, mas que esse seja minimamente valorizado, somente pós-primeiro turno, pois, caso não se faça essa primeira jornada em regiões possíveis de se estabelecer um público considerável em prol do desenvolvimento sustentável, e que possam se alinhar as propostas do partido, apenas transparece para todos nós, um descaso com nossos valores e princípios em cidadania, e mais, o desejo de uma grande maioria em se estabelecer uma nova política em nossa cidade, e igualmente em todo o estado e em nosso país.

E apesar de minha pouca ou nenhuma convivência com a regional da Rede, todos tem a minha admiração, mas talvez, justamente por esse distanciamento, eu possa ver com mais clareza, alguns fatos que creio serem imprescindíveis.

E destaco que, deve haver maior unidade entre a executiva local, regional e nacional, e urge a necessidade de se estabelecer  publicamente, debates mais periódicos que envolvam o cenário local, regional e a nacional, com participação pública, pois só assim, é possível a essas respectivas executivas, desenvolverem uma maior interação com o público goiano, e fortalecer uma unidade com a executiva nacional, o que também permite, tão logo seja anunciado um nome pela respectiva Convenção, que  imediato, esse nome seja oficialmente apresentado a sociedade, via Online, com participação pública de toda a executiva e evidentemente a presença de Marina Silva, pois assim, além da regional cumprir suas funções com a sociedade, estará também apresentando publicamente uma unidade com a nacional, o que permite abrir com periodicidade também em nossa região, debates fundamentais para a construção do desenvolvimento sustentável em nossas cidades, no estado, e o fortalecimento dessas discussões em todo o país, e assim fica posto, que essa candidatura passa a ser pública e legitimada pela transparência da executiva local, regional, e nacional, diante de toda a sociedade goianiense.     

Pois quem sabe assim, eleitores como eu, que ultimamente vem fazendo um grande uso do voto nulo, como ocorreu por último, durante o segundo turno das eleições nacionais, o que, possivelmente ocorrerá também nas municipais desse ano, não mais necessitaremos nos valer desse instrumento eleitoral, em defesa e preservação dos nossos valorosos princípios em cidadania, o que ainda me permite, um mínimo de dignidade cidadã e pensamento crítico!

Um comentário:

  1. Obrigada pelas palavras. Penso que podemos continuar construindo alguma coisa. Se não na Rede, na vida...

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