Dinalva Heloiza
Imagine estudar em um ambiente onde a arquitetura não apenas complementa a paisagem, mas também respeita e integra o meio ambiente. Esse é o caso do Instituto Ruanda para Agricultura de Conservação (RICA), situado na vila de Gashora, em Ruanda. O campus, projetado pela Mass Design Group, é um exemplo de como a bioconstrução pode transformar o modo como interagimos com o mundo ao nosso redor.
As construções no RICA são marcadas
pelo uso de materiais naturais e locais, com destaque para as paredes de
terra e taipa, que empregam técnicas tradicionais e sustentáveis. A taipa,
uma técnica ancestral de construção com terra compactada em moldes, resulta em
paredes sólidas e resistentes. Essa abordagem não só reduz o impacto ambiental,
mas também garante estruturas resistentes a terremotos, um fator crucial
em uma região propensa a esse tipo de fenômeno.
O design do campus vai além da funcionalidade e adentra o campo da sustentabilidade. Todos os edifícios são cobertos com telhados feitos de madeiras locais, sustentados por telhas de terracota queimadas com resíduos de grãos de café, um exemplo de como o reaproveitamento de materiais pode gerar soluções inovadoras. Energia solar, sistemas inteligentes para tratamento de água e esgoto, e a otimização natural da ventilação e iluminação são apenas algumas das características que fazem desse projeto um modelo de eficiência ecológica.
Além disso, o campus é projetado para ser um laboratório vivo. Áreas agrícolas integradas ao ambiente proporcionam aos estudantes a oportunidade de aprender de forma prática, interagindo diretamente com
os princípios da agricultura de conservação. O próprio campus, com suas construções e paisagens, se torna um espaço educativo, promovendo a interação entre aprendizado acadêmico e a preservação ambiental.
A cultura local também é
celebrada pela arquitetura. Um dos destaques do projeto é um edifício em forma
de oito, inspirado na arquitetura tradicional ruandesa e nos icônicos
campos de irrigação do país. Esse design não é apenas estético; foi
cuidadosamente elaborado para otimizar os recursos naturais, com o uso de blocos
de terra compactada, o que minimiza desperdícios e elimina a necessidade de
cortes e ajustes excessivos durante a construção.
O impacto do RICA vai além das fronteiras do campus. O instituto tem
como objetivo se tornar positivo em carbono até 2040, ou seja, retirar mais dióxido de carbono da atmosfera do que emite. Esse compromisso com a sustentabilidade é também refletido na restauração de ecossistemas locais, com iniciativas para a recuperação de savanas e pântanos próximos e a reintrodução de espécies nativas. O RICA não é apenas um campus universitário, mas um ecossistema vivo, que promove a biodiversidade e a conservação ambiental em toda a sua extensão.
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