Dinalva Heloiza
Em 2025, o Brasil sente com intensidade os efeitos de uma das decisões mais controversas do governo Bolsonaro: a aprovação da autonomia do Banco Central, sacramentada pela Lei Complementar 179/2021. Sob o argumento de blindar a política monetária de interferências político-partidárias, o Congresso Nacional entregou ao sistema financeiro nacional um cheque em branco que, hoje, tem custado caro à economia, à democracia e à sociedade brasileira como um todo.
O modelo adotado, promovido por Paulo Guedes e articulado nos bastidores com apoio de Bolsonaro e Arthur Lira, garantiu ao BC independência formal e operacional, mas sem os devidos mecanismos de controle social, transparência e responsabilidade fiscal. Resultado: um Banco Central que, ao invés de servir ao povo e à estabilidade macroeconômica, passou a operar de forma opaca, favorecendo deliberadamente os interesses dos grandes bancos — inclusive remunerando suas sobras de caixa com recursos públicos.