Dinalva Heloiza
Durante a 9ª Cúpula da Celac, em Honduras, o governo brasileiro irá propor a união regional para indicar uma mulher ao cargo de secretária-geral das Nações Unidas, cargo nunca ocupado por uma figura feminina.
(Embaixadora do Brasil - Gisela Padovan)
Pela primeira vez na história, a América Latina e o Caribe podem se unir em torno da indicação de uma mulher para o cargo máximo da Organização das Nações Unidas. Com apoio do Brasil, a proposta visa fortalecer a representatividade e promover uma liderança feminina global a partir de 2025.
Na próxima semana, durante a 9ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentará uma proposta histórica: a união dos países da região em torno de uma candidatura única de uma mulher para assumir a liderança da Organização das Nações Unidas (ONU).
A proposta brasileira, em negociação com os demais 32 países-membros da Celac, será formalizada em uma declaração especial que deve ser aprovada no encontro marcado para o dia 9 de abril, em Tegucigalpa, capital de Honduras. O presidente Lula estará presente ao lado de outros chefes de Estado da região.
“Pelo esquema de rotatividade regional, entendemos que chegou a vez da América Latina e do Caribe. Estamos propondo que os países se unam em torno de uma candidatura única, o que fortalece nossas chances de fazer valer esse princípio”, afirmou a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina do Ministério das Relações Exteriores.
O atual secretário-geral da ONU, António Guterres, deixará o cargo em 2026. Desde a criação da organização, nenhuma mulher ocupou essa função — uma lacuna que a proposta regional busca corrigir com nomes de destaque no cenário internacional.
(Michelle Bachelet - Chile)Entre as possíveis candidatas estão a ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet — que já comandou a ONU Mulheres e foi alta comissária de Direitos Humanos —, e a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, reconhecida por sua atuação em defesa de justiça climática e financiamento justo para países em desenvolvimento.
“Temos candidatas de grande peso político, intelectual e de liderança internacional. Não haveria razão para não ser uma mulher. Vamos trabalhar isso com a Celac”, completou Gisela Padovan.
Outro tema que poderá surgir nas discussões entre os líderes da região é a recente imposição de tarifas comerciais por parte dos Estados Unidos, anunciadas pelo ex-presidente Donald Trump. Embora não esteja no foco da declaração final da Celac, o Itamaraty prevê que o grupo reforce seu compromisso com o multilateralismo e com regras comerciais justas.
Com 33 países-membros, a Celac representa mais de 22 milhões de quilômetros quadrados — mais de cinco vezes o território da União Europeia — e uma população de 670 milhões de pessoas, o dobro da população dos Estados Unidos.
Além do presidente Lula, são esperadas as presenças de Gustavo Petro (Colômbia), Luis Arce (Bolívia), Bernardo Arévalo (Guatemala), Miguel Díaz-Canel (Cuba), Yamandu Orsi (Uruguai), Mark Phillips (Guiana) e da anfitriã Xiomara Castro, presidente de Honduras.
Caso aprovada, a proposta marca um avanço significativo na luta por mais representatividade e igualdade de gênero nas instituições multilaterais, abrindo caminho para que a América Latina e o Caribe protagonizem um novo capítulo na história da ONU.
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