Por Luis Antonio Lindau
É comum ouvir que o viajante brasileiro visita as cidades
modernas e retorna admirado pela eficiência do transporte coletivo, pelo poder
da integração entre os diversos modos de transporte e pela notável contribuição
das bicicletas para a mobilidade. Sente-se em outro planeta ao caminhar com
segurança e deslizar a mala de rodinhas pelas calçadas, um bom exercício para
perceber os limites que a cidade impõe a quem depende de uma cadeira de rodas
para a locomoção. Ao retornar, ele entra no carro e vai trabalhar.
Uma rua completa deve oferecer espaço para todos os usuários, independentemente do meio de transporte (Foto: Mariana Gil/WRI Brasil)
Em As Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino,
quando Kublai Khan pergunta a Marco Polo se ele viaja para reviver o passado ou
encontrar o futuro, o veneziano responde que os outros lugares são espelhos em
negativo, pois “o viajante reconhece o pouco que é seu descobrindo o muito que
não teve e o que não terá”. O “não terá” provoca reflexão. Algumas de nossas jovens
cidades realmente não contam com a arquitetura milenar de muitas das europeias
e asiáticas, mas isso não nos impede de dotá-las de um desenho urbano
compatível com os desafios de uma cidade moderna. Com exceção de Goiânia, dentre poucas, que possuem um dos maiores acervos arquitetônicos em Art Decò em todo o mundo, e que se encontram abandonadas pelo poder público. (NT do Blog Gyn Go Fashion).