Ensaio Sobre a obra de Sam Harris – A Paisagem Moral
Dinalva Heloiza
Durante séculos, a moralidade foi
tratada como um território quase sagrado, reservado à religião, à filosofia
abstrata ou às tradições culturais. Questionar se a ciência poderia ter algo
relevante a dizer sobre o que é certo ou errado soava, para muitos, como uma
ameaça à própria ideia de ética.
Em A Paisagem Moral: Como a Ciência Pode
Determinar os Valores Humanos, Sam Harris propõe uma ruptura profunda com
essa visão, defendendo que os valores humanos não estão fora do alcance do
conhecimento científico — ao contrário, eles estão intimamente ligados ao
funcionamento do cérebro e à experiência consciente.
Harris parte de uma premissa
simples, mas provocadora: a moralidade diz respeito ao bem-estar de seres
conscientes. Se isso é verdade, então compreender o que aumenta ou diminui
esse bem-estar não pode ser apenas uma questão de opinião pessoal ou tradição
cultural. Trata-se de um problema que envolve fatos sobre o mundo, sobre o
cérebro humano e sobre as consequências reais das nossas ações.
