domingo, 12 de outubro de 2025

Igualdade de Gênero, Um Chamado Urgente às Empresas, Um Alerta da ONU Mulheres!

 Dinalva Heloiza


A igualdade de gênero, ainda que amplamente debatida, segue como um dos maiores desafios do nosso tempo — e, segundo a ONU Mulheres, também como uma das maiores oportunidades de transformação social e econômica do século. 

O relatório “Negócios Inacabados: Setor Privado e Igualdade de Gênero – Transformando Compromissos Corporativos em Igualdade para Todas as Mulheres e Meninas”, lançado recentemente, reforça que as empresas não podem mais tratar a igualdade de gênero como uma opção, mas como um dever ético, humano e estratégico.

A análise, que avaliou milhares de empresas em 117 países, aponta um dado alarmante: apesar de avanços pontuais, a desigualdade de gênero ainda permeia todas as esferas do mercado de trabalho. As mulheres representam apenas 39% da força laboral global, continuam concentradas em cargos de menor remuneração e sofrem uma lacuna salarial média de 20% em relação aos homens.

Além disso, a inação custa caro: a desigualdade de gênero nos ganhos ao longo da vida representa uma perda de US$ 160 trilhões em riqueza global — um impacto que não é apenas econômico, mas humano e civilizatório.

Brasil: um reflexo das contradições globais


No Brasil, os desafios são igualmente expressivos. De acordo com o IBGE, as mulheres ainda recebem cerca de 78% do rendimento dos homens, e as diferenças são mais intensas entre mulheres negras, que enfrentam barreiras estruturais ainda mais severas. Embora o país tenha avançado em políticas de diversidade e programas de incentivo à liderança feminina, muitas dessas iniciativas ainda permanecem no campo simbólico, sem resultados concretos ou metas mensuráveis.

A realidade mostra que, em grande parte das empresas brasileiras, a presença feminina em cargos de liderança ainda é exceção. Segundo o IBGE, apenas 17% dos assentos em conselhos de administração são ocupados por mulheres — e, muitas vezes, sem o devido protagonismo decisório. Isso revela que a representatividade ainda precisa se converter em voz ativa e poder real.

O papel do setor privado: do discurso à prática

A ONU Mulheres é enfática: o setor privado é indispensável para fechar a lacuna de gênero. Empresas que incluem mulheres em posições de liderança têm 25% mais chances de superar a média de lucratividade. Mas mais do que números, isso representa um novo paradigma de gestão — baseado em empatia, escuta, diversidade e inovação.

O relatório destaca que onde a ação é obrigatória, medida e financiada, o progresso acontece; onde é voluntária ou fragmentada, a estagnação prevalece. Isso significa que não basta firmar compromissos públicos: é necessário integrar a igualdade de gênero nas estratégias centrais de negócio, em políticas salariais transparentes, ambientes de trabalho seguros e processos de recrutamento verdadeiramente inclusivos.

No Brasil, algumas empresas já começam a compreender essa urgência. Programas de aceleração de carreira feminina, metas de paridade e projetos de formação em liderança diversa estão em expansão. Mas é preciso ir além: criar ambientes em que a equidade seja estruturante, e não um adendo corporativo.

Um chamado à consciência

Estamos a poucos anos do prazo estabelecido para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) — e o tempo para meias medidas acabou. A igualdade de gênero é um pilar da sustentabilidade, da justiça social e da prosperidade coletiva.

As empresas brasileiras têm agora a oportunidade de se tornarem protagonistas dessa mudança histórica. O relatório da ONU Mulheres não é apenas um alerta: é um convite para uma nova ética empresarial — uma que reconhece que não há sucesso possível em um mundo desigual.

Mais do que políticas, precisamos de consciência.
Mais do que cotas, precisamos de convicção.
E mais do que números, precisamos de compromisso real.

Porque quando uma mulher é empoderada, toda a sociedade avança.

Fonte:
ONU Mulheres – Relatório “Unfinished Business: Private Sector and Gender Equality – Turning Corporate Commitments into Equality for All Women and Girls”.
Disponível em: unwomen.org

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