quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Relatório da ONU alerta: geração de resíduos pode crescer 65% até 2050 e duplicar custos globais.

 Dinalva Heloiza


Diante da estimativa de que a produção de resíduos urbanos aumentará em dois terços até meados do século, com custos quase dobrando nesse período, um novo estudo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) destaca que somente uma redução significativa na geração de lixo poderá garantir um futuro sustentável e financeiramente viável para o planeta.

O documento, intitulado “Além da era do desperdício: transformando o lixo em recurso”, faz parte da edição 2024 do Panorama Global do Manejo de Resíduos (Global Waste Management Outlook – GWMO 2024). Trata-se da análise mais abrangente sobre a produção mundial de resíduos e os custos relacionados desde 2018. O relatório utiliza avaliações de ciclo de vida para apresentar cenários sobre o impacto da manutenção do atual modelo, da adoção parcial de soluções e de uma transição completa para sistemas de economia circular e políticas de lixo zero.

As projeções apontam que a geração de resíduos sólidos urbanos saltará de 2,3 bilhões de toneladas em 2023 para cerca de 3,8 bilhões de toneladas até 2050. Em 2020, o custo direto global com gestão de resíduos foi estimado em US$ 252 bilhões. No entanto, ao incluir os impactos indiretos — como poluição ambiental, prejuízos à saúde pública e efeitos das mudanças climáticas decorrentes da má gestão dos resíduos — esse valor sobe para US$ 361 bilhões. Caso nenhuma ação efetiva seja tomada, esses custos podem alcançar US$ 640,3 bilhões anuais até 2050.

Inger Andersen, Diretora-Executiva do PNUMA, reforça o alerta:

“A produção de resíduos está fortemente ligada ao crescimento do PIB, e muitas economias emergentes estão enfrentando desafios intensos com o aumento do lixo. Este relatório apresenta soluções concretas para um futuro mais eficiente em recursos, destacando o papel crucial de líderes dos setores público e privado na promoção de uma transição para o lixo zero.”

Já Carlos Silva Filho, presidente da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA), parceira do relatório desde sua origem, enfatizou o papel do GWMO como ferramenta de mobilização:

“Este estudo é mais do que um diagnóstico — é um apelo à ação coletiva para reverter os efeitos negativos das práticas atuais e gerar benefícios reais para todas as populações. Implementar essas soluções é essencial para acelerar o cumprimento da Agenda 2030.”

A modelagem proposta no relatório mostra que, com medidas eficazes de prevenção e gestão de resíduos, os custos líquidos globais poderiam ser limitados a US$ 270,2 bilhões até 2050. Mais otimista ainda, o cenário baseado em uma economia circular, onde o crescimento econômico se desvincula da geração de resíduos por meio de práticas sustentáveis, poderia resultar em um ganho líquido anual de US$ 108,5 bilhões.

Zoë Lenkiewicz, principal autora do relatório, ressalta:

“As evidências são claras: é urgente adotar uma abordagem de lixo zero. Melhorar o gerenciamento de resíduos é essencial para mitigar a poluição, reduzir emissões de gases de efeito estufa e proteger a saúde humana. As soluções já existem — falta liderança firme para implementá-las de forma equitativa.”

O GWMO 2024 foi apresentado durante a 6ª Sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-6), realizada entre 26 de fevereiro e 1º de março na sede do PNUMA, em Nairóbi, no Quênia.

 

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